Em cada palavra, grafite, passo, rima e batida, o Hip-Hop denuncia injustiças sociais e resgata as identidades do povo negro e das periferias. Para celebrar e refletir sobre a relevância dessas culturas, que transcendem a arte para se tornar movimento social, cultural e político, será realizado nos dias 29 e 30 de novembro, o I Seminário Internacional Construção Nacional da Cultura Hip-Hop, em Brasília. Os interessados em participar deverão preencher, até o dia 22 de novembro, o formulário de inscrição.
O evento faz parte do calendário da Campanha Cultura Negra Vive, em alusão ao mês da Consciência Negra (20), e da celebração do Dia Mundial do Hip-Hop (12). Está inserido no contexto de importantes avanços, como o Edital de Premiação Cultura Viva, que contempla até o final do ano 325 iniciativas culturais, e o reconhecimento pelo Decreto Nº 11.784/2023, o qual consolidou o Hip-Hop como uma expressão da identidade brasileira. Além disso, o inventário participativo, realizado em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), abre o caminho para o reconhecimento do Hip-Hop como Patrimônio Cultural Imaterial, reafirmando a importância de preservar suas tradições e garantir sua continuidade. Destaca-se também como uma das ações da Cultura para o Plano Juventude Negra Viva (PJNV), lançado pelo presidente Lula, em março deste ano.
“O nosso compromisso é fortalecer o Hip-Hop como ferramenta de transformação social e de empoderamento das comunidades vulnerabilizadas. Precisamos reconhecer a potência dessa expressão cultural como um meio de resistência e de luta, especialmente da juventude negra”, afirmou Márcia Rollemberg, secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura (MinC).
O objetivo geral do evento é promover uma análise do impacto da cultura Hip-Hop no Brasil, por meio do diálogo entre artistas, educadores, pesquisadores e representantes governamentais. Segundo Karina Gama, diretora de Promoção da Diversidade Cultural, o encontro desenvolverá políticas públicas culturais inclusivas e participativas, fortalecendo o papel do Hip-Hop como uma ferramenta essencial na construção de uma sociedade mais justa e equitativa. “Através da arte do rap, do grafite, da dança, do DJing e do conhecimento que o Hip-Hop transforma a cultura, desafia narrativas que historicamente silenciaram as vozes da juventude negra em um meio de resistência contra a opressão, a desigualdade e o racismo estrutural” explicou.
Integrante da Cultura Hip-Hop, Negro Lamar, de 55 anos e residente em Manaus (AM), também reforçou a importância dos debates. “Este espaço servirá para avaliarmos o funcionamento das políticas públicas voltadas para a cultura Hip-Hop e periferias do Brasil. E também para sugerir novas demandas, programas e políticas para o setor, como a instituição do Dia Nacional do Hip-Hop”, disse. Já a MC Aretha Ramos, 31 anos, da cidade de Porto Alegre (RS), lembrou que essa cultura tem mais de 50 anos de história no mundo e 40 no Brasil.
“É preciso resgatar a importância dessa cultura desde o seu surgimento até os dias de hoje. E, principalmente, valorizar a memória daqueles que se foram e abriram portas para reconhecer o novo, que dá continuidade no legado através de projetos sociais, oficinas em escolas, em comunidades carentes, eventos culturais que muitas vezes fortalecem artistas locais e que sonham em viver da arte. Agradeço ao Hip-Hop por salvar vidas, inclusive a minha”, finalizou.
O seminário é uma realização do Ministério da Cultura (MinC), por meio da Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural; do movimento Construção Nacional da Cultura Hip-Hop e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Conta com o apoio do Ministério da Igualdade Racial, da Secretaria de Relações Institucionais, da Fundação Nacional de Artes (Funarte), do Iphan, da Fundação Cultural Palmares, da Petrobras e dos Correios.
A programação contará com a escuta de representantes de todas as regiões do país e debates sobre diversos temas, entre eles o papel dessa cultura nas periferias e a sua importância como patrimônio cultural imaterial. Formação, profissionalização e economia criativa também entrarão na pauta, além da importância das casas de Hip-Hop, batalhas de rimas e slam, rodas culturais e coletivos como cultura de base comunitária. Por fim, os participantes poderão refletir sobre relação dessa cultura com outras políticas do Ministério, como a Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB) e Política Nacional Cultura Viva (PNCV).
Serviço
I Seminário Internacional Construção Nacional Hip-Hop
Data: 29 e 30 de novembro
Horário: das 9h40 às 18h30
Local: Auditório do Edifício Petrobras – SAUN Q 1 BL D – Asa Norte, Brasília – DF, 70040-901
Fonte: Site do Ministério da Cultura