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Condomínio feito só para domésticas faz história na Bahia

Em Salvador, Condomínio 27 de abril foi feito para que trabalhadoras da região tivessem espaço onde morar.

Em Doron, bairro de Salvador/BA, o condomínio 27 de abril faz história. O edifício tem 80 apartamentos: todas as donas são mulheres e trabalhadoras domésticas. Construído em 2018, o condomínio de quatro blocos foi criado para se tornar o lar das trabalhadoras que tinham renda familiar de zero a três salários mínimos.

O conjunto de edifícios bege e rosa é fruto de uma parceria entre o governo estadual e a iniciativa privada, chamado Programa Casa da Gente, além da ação do Sindicato das Domésticas da Bahia, que foi essencial para a construção do empreendimento. Para entrar na lista para compra do apartamento, era preciso que a doméstica comprovasse que vivia de aluguel ou na casa dos patrões e que tivesse carteira assinada.

O poder do nome Condomínio 27 de abril

O nome do condomínio faz alusão ao Dia da Nacional das Domésticas, comemorado em 27 de abril, em homenagem à Santa Zita, considerada a padroeira da profissão. Além disso, cada um dos quatro blocos têm nomes de líderes sindicais baianas: Maria José Alves, Maria das Graças, Teófila Nascimento e Lenira Carvalho.

Como forma de preservar o patrimônio das trabalhadoras, a escritura da casa foi colocada no nome das mulheres por uma exigência do Sindicato à prefeitura. No Brasil, 92% das pessoas ocupadas nessa profissão são mulheres e 65% são negras, segundo o IBGE.

Lares novos

Os apartamentos contam com dois quartos, cozinha, banheiro e área de serviço. O condomínio, por sua vez, tem área de parquinho para as crianças e até uma horta comunitária. De acordo com a presidente e fundadora do Sindicato das Domésticas da Bahia, Creuza Maria Oliveira, o direito à moradia “sempre foi uma luta da nossa classe”.
Ao focar em trabalhadoras com renda abaixo dos três salários mínimos, o programa que levou o Condomínio 27 de abril a existir deu espaço para que muitas famílias realizassem o sonho da casa própria. “Antes dos programas como o Minha Casa, Minha Vida, era necessário ganhar no mínimo R$ 1,5 mil para entrar em um programa de moradia. O valor estava fora de cogitação para as empregadas domésticas, então, nós acabávamos em barracos e ocupações, junto com outros trabalhadores”, conta Oliveira ao UOL.

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